O significado do batismo de fogo e da purificação espiritual

Baptism and Temptation of Christ (1580-82) — VERONESE, Paolo

Com o início de um novo ano, renasce a esperança, mas alguns desafios enfrentados nos últimos tempos e que não nos garantem a certeza de um futuro mais seguro ainda persistem. Contratempos econômicos, sociais, nacionais e internacionais, que ameaçam a paz de muitas famílias. Isso provém da Provação Divina, alguns argumentam, outros dizem não ter nada de divino sendo antes resultados das escolhas e decisões que tomamos. Este é um constante diálogo que ocorre, muitas vezes visando diminuir ou menosprezar o discurso do outro. Mas e se ambos estiverem certos?

Jesus há mais de 2.000 anos trouxe essa percepção de que as consequências que enfrentamos são tanto provenientes de uma Provação Divina quanto resultado das nossas próprias ações. Entretanto, poderíamos dizer que existem características diferentes que possibilitam o entendimento do que é Divino e o do que é humano, além de também nos ampliar a compreensão para o momento em que ocorre a união das duas.

Tudo começa com o batismo. Sim, o Batismo do Cristo, que ocorre pelo Espírito Santo e fogo (Mateus, 3:11). E Jesus ainda explica que: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos, 16:16).

Mas o que isso tem a ver com o que estamos discutindo? Em seu artigo “Ide e Pregai”. A Missão é Nossa! (Parte III – Final), o Irmão Paiva Netto escreve quanto a este sentido do Batismo de Jesus: “Quer dizer, fogo, com provas, testes para Você crescer. Porque o ser humano geralmente só se desenvolve quando desafiado. Portanto, não é uma salvação desacompanhada de atitudes. A Fé é o combustível das Boas Obras”.

Os desafios que enfrentamos, portanto, correspondem ao batismo recebido, porém, isso não significa que ficamos ao léu, porque o mesmo batismo de fogo é acompanhado pelo do Espírito Santo, isto é, o “secretariado do Cristo”, no dizer do saudoso Irmão Alziro Zarur (1914-1979). E o que isso significa? Que Jesus, respeitando as Leis Divinas, oferta-nos, antes do desafio, a solução por intermédio do auxílio direto dos Espíritos de Luz, Seu secretariado.

Compreender isso nos permite assimilar que, sim, existem provas provenientes de Deus e Suas Leis, mas também aquelas criadas pelo próprio ser humano com o uso irresponsável do seu livre-arbítrio. É simples de entender, da mesma forma que ficamos vulneráveis a determinada doença se não respeitarmos uma orientação médica, aquele que não cumpre com as Leis fica passível de penalidade. Agora, existem também as que são decorrentes de vidas passadas, cuja ideia é a mesma, mas são quitadas na vida presente ou futura.

Fogo = Inferno

Mas vamos nos aprofundar mais na ideia do “fogo”. Seria o mesmo que o “inferno” da compreensão popular? Sim e não. Há uma dualidade que se completa. Em primeiro lugar, sim, porque passar pelo fogo pressupõem sofrimento, dor, angústia, como já está atrelado ao inconsciente coletivo; e não, porque o sentido que normalmente colocamos de “inferno eterno”, apesar de rimar, não é uma verdade pétrea, pois o tempo é o que lhe damos. Só é eterno para os eternamente infernais, ou seja, aqueles que não burilaram os metais impuros da alma. Isso nos leva à outra compreensão do fogo e sua necessidade na nossa vida.

Todos temos questões ou mesmo impurezas na alma que precisam ser purificadas e somente o fogo é capaz desse feito. Sendo a chama da consciência a que mais arde na alma e a que materializa na Terra e no Umbral as chagas que estão no Espírito, fazendo-nos sentir a “segunda morte”, conforme está no Apocalipse de Jesus (2:11; e 21:8).

Unção Divina do Cristo

Diante de tudo o que discutimos, compreendemos que o batismo do Cristo ocorre naturalmente em nossa vida. Passamos, sim, por Provação Divina, como também por provação humana, porém a solução está aí à porta (Apocalipse de Jesus, 3:20): “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”. 

Estão à nossa disposição os instrumentos, as mentes, os Espíritos Eternos para nos ajudar a encontrar a solução dos desafios que enfrentamos, basta abrirmos a porta do nosso coração, do nosso cérebro, e teremos acesso ao inimaginável acervo da Sabedoria Divina.

Vivenciar esse batismo é o que nos torna cristãos, isto é, ungidos, banhados, batizados por Deus. E o que nos espera depois, a condição de Cristo, conforme fala o Apóstolo Paulo na Epístola aos Efésios, 4:13: “Até que todos cheguemos à unidade da Fé, ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude do Cristo”.

Mas, para alcançarmos essa condição, haveremos de andar muito, muito mesmo, passar por diversas vidas, até entendermos que o sofrimento é inicialmente causa humana e que somente Cristo é quem não cria dor a si mesmo, pois conhece e vivencia as Leis Divinas.

Quem é o único na Terra a exemplificar essa condição? Jesus! E a Sua vida é o exemplo da Unção Divina do Cristo.

Previous
Previous

Luz e Sombra (Parte 1): Entendendo suas relações para uma vida melhor

Next
Next

O advento da Profecia e a nossa vigilância em Deus — Espírito e discernimento (Parte 2)