O advento da Profecia e a nossa vigilância em Deus (Parte 1)

Pentecost — RESTOUT, Jean II (1692-1768)

Promessa do derramamento do Espírito

28 E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões;

29 até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias [do Julgamento Final].

(Profeta Joel, 2:28 a 29)

É interessante como os profetas expressam com tanta confiança de que se cumprirá a mensagem que recebem. Isso nos cativa a querer entender a razão por trás dessa confiança, dessa fé. O quê, além dela, garante que a profecia se cumprirá? Essa é uma pergunta que muitos podem fazer.

Mas, será que a nossa abordagem está sendo a correta? Não estaríamos nós igualando Profecia com Previsão? Porque são coisas diferentes, como sinaliza o Irmão Paiva Netto em suas pregações.

A Profecia se define com aquilo que está além do raciocínio lógico somente. Em resumo, é uma mensagem que provém de Deus e que é sentida pelo profeta por intermédio da intuição. Ela está vinculada ao sentido universal, isto é, aplicável a todos e possui caráter atemporal, ou seja, pode ser lida e aplicada em qualquer época, apresentando compreensão quanto ao passado, presente e futuro. A Previsão tem uma origem diversa. Ela se define pela análise racional das informações adquiridas, é limitada a uma realidade e é específica a um determinado espaço-tempo.

Diante disso, podemos observar essas palavras do profeta Joel de uma forma diferente. Essa Divina Inspiração — exaltada, inclusive, pelo Apóstolo Pedro em Atos dos Apóstolos, capítulo 2º —, apresenta para nós uma realidade que vem se concretizando ao longo de milênios. Não existe uma data específica de manifestação dessa Profecia, porque (lembram?) não tem vinculação temporal. Portanto, esta Inspiração Divina aborda fatos que já ocorrem no nosso dia-a-dia, mas que muitas vezes não percebemos.

Quer um exemplo? Você sonha, não? Se não à noite, enquanto baba no travesseiro (risos), ao menos durante o dia você já se pegou sonhando acordado ou imerso numa imaginação, correto? Só tome cuidado para não confundir a imaginação com aquilo que se passa na sua frente.

Pois bem, o que o profeta Joel fala? Que nós profetizaremos, sonharemos e teremos visões, mas existe uma condição para isso. É necessário que seja derramado sobre nós o Espírito de Deus, isto é, Sua Luz. Ele é que ilumina o nosso raciocínio, nos permitindo notar esses detalhes diariamente. Não fiquemos presos à ideia de que as manifestações divinas estão distantes de nós, porque não estão. Estão muito mais próximas do que podemos pensar. Aquilo que vemos com nossos olhos materiais é o resultado final da ação do Espírito, a materialização daquilo que existe e foi formado no Mundo Espiritual. Platão iniciou essa discussão para nós, mas Jesus apresentou-nos a realidade espiritual.

O Cristo em Seu Evangelho, segundo João, 16:13 a 15, nos fala:

Mas, quando vier o Espírito da Verdade [isto é, o secretariado de Jesus], ele vos guiará em toda a Verdade; porque não falará de si mesmo, mas de tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vos há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vos há de anunciar.

A descida do Espírito Santo ou Espírito da Verdade

Estar na mesma vibração que o Espírito da Verdade nos condiciona a ser, semelhante aos Apóstolos de Jesus, instrumentos dessa Luz. Do contrário, poderemos nos tornar infelizes propagadores da treva. Sim, podemos acabar sendo falsos profetas. É escolha e percepção nossa. Daí o necessário discernimento espiritual e o cuidado que devemos ter para não promover falsos cristos e falsos profetas, justamente nos tempos em que vivemos e que antecedem a Volta de Jesus à Terra.

Em sua obra Somos todos Profetas (1991), o Irmão Paiva Netto explica:

Na realidade, todos somos profetas.

Não se pode brincar com os dons espirituais cujos fundamentos estão na Bíblia. Quem quiser desenvolvê-los e educá-los, leia o Livro Sagrado, mas em Espírito e Verdade, à luz do Mandamento Novo do Cristo — “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35) —, de modo a reformar-se e usar devidamente os carismas que são do Espírito. Por oportuno, neste ponto, cabe lembrar que tais poderes são intrínsecos ao ser humano. Tanto que as religiões no planeta geralmente nascem dos chamados fenômenos sobrenaturais, apesar de todo o pensamento retrocessivo que se tem levantado contra a sua existência.

É necessária a integração no Dia do Senhor (Apocalipse, 1:10), estado psíquico-espiritual de conformidade com o Espaço-Tempo de Deus. Então, nós mesmos seremos Espaço e Tempo Divinos, a própria Profecia que é Deus em nós, o “Testemunho de Jesus”, como se encontra no Apocalipse, 19:10:

— (...) o Testemunho de Jesus, o Cristo, é o espírito de profecia.

O Excelso Estadista é quem tem Autoridade para realizar a descida do Espírito Santo na Terra. E como nos fazer merecedores do batismo espiritual do Cristo? Não bastam palavras e orações, como esclarece o Irmão Paiva. É imprescindível também a Fé Realizante, testificada nas Boas Obras. Portanto, semelhante ao que aconteceu com os Apóstolos, após a ascensão do Rei dos reis, Jesus, ocorrerá com os Apóstolos do Cristo na atualidade e que estão presentes em todos os campos do saber humano. São aqueles que se dedicam de alma e coração aos ensinamentos do Divino Mestre, doravante pelo Seu Retorno Triunfal.

Previous
Previous

A Proclamação da Independência Espiritual