Uma conversa entre curiosos - III
A discussão ainda estava longe de ser concluída. Augusta quis direcioná-la para um aspecto:
Quero agora ater ao aspecto individual.
Ok, concordo.
Como isso tudo se aplicaria no nosso dia a dia?
Para o nosso dia a dia? - Pensativo, Bruno respondeu - Entraria na questão do Déjà Vu.
Agora, está começando a ficar mais intrigante.
Sim, e desafia a própria noção da ideia linear do tempo. Por exemplo, como justificar a observação de momentos na nossa vida quando nem sequer aconteceram ainda.
Diante do que estamos discutindo, isso entra naquela questão do planejamento divino e da diferença do tempo nas esferas materiais e espirituais.
Exatamente, então, em resumo diria que o Déjà Vu é a observação de escolhas já feitas no presente espiritual.
Como assim?
Vou tentar explicar o que está na minha cabeça. Imagina um jogo de videogame.
Certo.
Um jogo de videogame é construído em cima de um roteiro já pré-definido, quero dizer, já existe uma história com final e o que fazemos durante o jogo é simplesmente executar o que já está determinado.
Mas, hoje em dia existem jogos que trabalham a ideia de finais alternativos de acordo com a escolha do jogador. - Argumentou Augusta.
Sim… Haha… E esses estão mais próximos da ideia que quero trazer. Dentro dessa perspectiva coloquemos o jogador como o nosso “eu espiritual” e o personagem do jogo o nosso “eu material”.
Ok.
Agora, lembremos que, enquanto encarnados, quando vamos dormir nosso espírito se desprende do corpo. Esse momento é quando o “eu espiritual” se torna consciente do “jogo da vida em realidade material”, digamos.
Isso parece mais a premissa para um roteiro de ficção-científica do que outra coisa… Hahahah…
Até pode ser um dia, quem sabe? Hahaha… Voltando ao que estava explicando: O “eu espiritual” é o jogador e observador do “jogo da vida” e o “eu material” é o personagem que vivencia as escolhas feitas pelo nosso “eu espiritual”.
Estamos quase entrando no campo da psicologia e a relação entre o consciente e o inconsciente.
Não foge muito da ideia - Disse Bruno, enquanto comia alguns pães-de-queijo.
Não é minha área rsrs… - Respondeu Augusta. - Meu mundo são as Ciências Exatas.
Nesse exemplo, poderíamos dizer que o consciente é o nosso “ego” enquanto acordados, seria a nossa personalidade nesta vida encarnada e o nosso inconsciente seria o nosso “ego”, o nosso “eu” total, ou seja, a nossa personalidade espiritual, livre das influências da carne.
Entendi, mas vamos voltar ao seu exemplo.
Hahah… Ok, o que quero dizer é que o “eu espiritual” observa o jogo e assim faz as escolhas que iremos vivenciar quando estamos no nosso “eu material”. Dentro dessa ideia, diria que o primeiro, pertecente ao Plano Espiritual, vivencia o Eterno Presente, como falamos anteriormente. Portanto, o “eu material” está vivenciando a ideia de “passado”.
Nossa, até para mim o que você falou agora deu um “nó” na minha mente.
Bruno deu uma leve risada e continuou:
Sei que parece algo maluco… Hahaha… Mas, em resumo: O presente que nós vivemos na Terra é o “passado” do nosso “eu espiritual” e o “presente” no Plano Espiritual é o nosso “futuro” na Terra. O Irmão Paiva, inclusive, ensina: “O nosso presente é o futuro que vivemos”. É como se na Terra vivêssemos um atraso de resposta para o que já está no Mundo Espiritual. E esse atraso, “delay”, é o que chamamos de passado.
Estou entendendo. O Déjà Vu, portanto, seria nada mais nada menos do que uma “espiada” da escolha que o nosso “eu espiritual” fez e que irá acontecer. Agora, onde entra nisso a Moral que discutimos anteriormente?
No nosso dia a dia. Eu nunca disse que o nosso “eu material” não poderia influenciar as escolhas feitas pelo nosso “eu espiritual”. Afinal, os dois são um só… Hahah…
Hahaha… Verdade! Isso então não exclui a possibilidade de nos tornarmos conscientes das escolhas do nosso “eu espiritual”, como inclusive argumentamos anteriormente. - Lembrou Augusta.
Sim, não exclui, pelo contrário temos que trabalhar para isso. Aqui, vou fazer um desenho do que quero dizer.
Bruno pegou um bloco de notas, que sempre levava consigo, e começou a fazer alguns traços.
Após observar o desenho de Bruno, Augusta concluiu:
Ou seja, trabalhar para nos integrar no Espaço-Tempo de Deus.
O “Dia do Senhor” como está no Apocalipse do Cristo e que o Irmão Paiva nos explica.
Entendi. O consciente vê o que está no horizonte. O inconsciente percebe o que está além do horizonte.
Isso! Basicamente…
Ambos pararam um instante, refletindo sobre tudo o que haviam discutido. Até que Bruno tomou a palavra.
Uma coisa que gostaria de deixar claro dentro do meu exemplo é que nada disso exclui também a questão da condição espiritual em que nos colocamos, na verdade ela será a determinante para a vivência que tivermos e as escolhas que fizermos no “presente” da Terra e no “futuro” do Mundo Espiritual.
Isto é, a Moral, que discutimos. Essa Moral, a que você se refere, é aquela que está na definição da Religião Divina, certo? É algo bem maior do que hoje conseguimos vislumbrar. - Disse Augusta com um sorriso no rosto.
Sim, me refiro ao que está na definição da Religião do Terceiro Milênio. O Irmão Paiva, inclusive, tem um pensamento que gosto muito: “Jesus é maior do que pensamos”.
Realmente! E se pararmos para analisar sobre a vida do Cristo veremos que Ele cumpriu de forma consciente o que estava no planejamento divino. - Afirmou Augusta.
Exatamente, por exemplo, quando o Cristo fez a Sua oração no Getsêmani, pediu a Deus que, se possível, afastasse o cálice do sofrimento, que haveria de enfrentar, mas conhecedor dos Mecanismos Divinos, afirmou: “mas, que seja feita a Vossa Vontade". Ou seja, por mais duro que tenham sido nossas escolhas no passado, se seguirmos o planejamento que estabelecemos no Mundo Espiritual e assim enfrentar o que colocamos no nosso caminho com Fé Realizante em Deus, mesmo conscientes do roteiro estabelecido, saberemos lidar com Coragem e Resignação aquilo que não pode ser mudado, porque, inclusive nos ajudará a ser mais fortes e inabaláveis dali para frente no decorrer da linha natural da evolução espiritual.
A questão fica em sabermos diferenciar isso, até mesmo para não acabarmos sendo vítimas de males construídos.
Por isso, pregamos a vivência do Amor Divino que o Cristo trouxe - respondeu Bruno - pode parecer um paradoxo responder o mal com Amor, mas na verdade isso fará com que aquele ciclo construído para a maldade se encerre. Só será um paradoxo se for conivente, aí já não é mais o Amor e, sim, a própria palavra Conivência. O Irmão Paiva inclusive nos fala que este Amor de Jesus: “Amai-vos como Eu vos amei”, é uma Divina Eficiência, uma estratégia a ser compreendida.
Sim, sim - afirmou Augusta pensativa - lembro-me de ter lido isso no livro dele Jesus e a Cidadania do Espírito, inclusive o ínicio ficou na minha memória: “O Amor de que Jesus nos fala tem um sentimento espiritual evoluído, muito além da perspectiva humana”.
Ambos viram quanto tempo já havia passado. Pagaram a conta e saíram.
Aqui, minhas amigas e meus amigos, encerra a conversa de hoje de duas almas instigadas pelo conhecimento das Leis Divinas, mas isso não significa que o debate encerrou. Seja, você também, uma alma curiosa e iluminada pelo Amor Divino.
Uma outra coisa que gostaria de discutir é sobre a teoria do Gato de Schrödinger. Sobre a questão que ele traz das duas possibilidades do gato quando abrimos a tampa da caixa. Se ele estará vivo ou morto. - Lembrou Augusta quando estavam do lado de fora.
Isso podemos deixar para uma próxima… - Respondeu Bruno, pegando as chaves do seu carro.
Não vai esquecer, marca na sua agenda de nos encontrarmos no próximo domingo - Falou Augusta com a voz firme para que não esquecerem do assunto.