Uma conversa entre curiosos - III

A discussão ainda estava longe de ser concluída. Augusta quis direcioná-la para um aspecto:

  • Quero agora ater ao aspecto individual.

  • Ok, concordo.

  • Como isso tudo se aplicaria no nosso dia a dia?

  • Para o nosso dia a dia? - Pensativo, Bruno respondeu - Entraria na questão do Déjà Vu.

  • Agora, está começando a ficar mais intrigante.

  • Sim, e desafia a própria noção da ideia linear do tempo. Por exemplo, como justificar a observação de momentos na nossa vida quando nem sequer aconteceram ainda.

  • Diante do que estamos discutindo, isso entra naquela questão do planejamento divino e da diferença do tempo nas esferas materiais e espirituais.

  • Exatamente, então, em resumo diria que o Déjà Vu é a observação de escolhas já feitas no presente espiritual.

  • Como assim?

  • Vou tentar explicar o que está na minha cabeça. Imagina um jogo de videogame.

  • Certo.

  • Um jogo de videogame é construído em cima de um roteiro já pré-definido, quero dizer, já existe uma história com final e o que fazemos durante o jogo é simplesmente executar o que já está determinado.

  • Mas, hoje em dia existem jogos que trabalham a ideia de finais alternativos de acordo com a escolha do jogador. - Argumentou Augusta.

  • Sim… Haha… E esses estão mais próximos da ideia que quero trazer. Dentro dessa perspectiva coloquemos o jogador como o nosso “eu espiritual” e o personagem do jogo o nosso “eu material”.

  • Ok.

  • Agora, lembremos que, enquanto encarnados, quando vamos dormir nosso espírito se desprende do corpo. Esse momento é quando o “eu espiritual” se torna consciente do “jogo da vida em realidade material”, digamos.

  • Isso parece mais a premissa para um roteiro de ficção-científica do que outra coisa… Hahahah…

  • Até pode ser um dia, quem sabe? Hahaha… Voltando ao que estava explicando: O “eu espiritual” é o jogador e observador do “jogo da vida” e o “eu material” é o personagem que vivencia as escolhas feitas pelo nosso “eu espiritual”.

  • Estamos quase entrando no campo da psicologia e a relação entre o consciente e o inconsciente.

  • Não foge muito da ideia - Disse Bruno, enquanto comia alguns pães-de-queijo.

  • Não é minha área rsrs… - Respondeu Augusta. - Meu mundo são as Ciências Exatas.

  • Nesse exemplo, poderíamos dizer que o consciente é o nosso “ego” enquanto acordados, seria a nossa personalidade nesta vida encarnada e o nosso inconsciente seria o nosso “ego”, o nosso “eu” total, ou seja, a nossa personalidade espiritual, livre das influências da carne.

  • Entendi, mas vamos voltar ao seu exemplo.

  • Hahah… Ok, o que quero dizer é que o “eu espiritual” observa o jogo e assim faz as escolhas que iremos vivenciar quando estamos no nosso “eu material”. Dentro dessa ideia, diria que o primeiro, pertecente ao Plano Espiritual, vivencia o Eterno Presente, como falamos anteriormente. Portanto, o “eu material” está vivenciando a ideia de “passado”.

  • Nossa, até para mim o que você falou agora deu um “nó” na minha mente.

Bruno deu uma leve risada e continuou:

  • Sei que parece algo maluco… Hahaha… Mas, em resumo: O presente que nós vivemos na Terra é o “passado” do nosso “eu espiritual” e o “presente” no Plano Espiritual é o nosso “futuro” na Terra. O Irmão Paiva, inclusive, ensina: “O nosso presente é o futuro que vivemos”. É como se na Terra vivêssemos um atraso de resposta para o que já está no Mundo Espiritual. E esse atraso, “delay”, é o que chamamos de passado.

  • Estou entendendo. O Déjà Vu, portanto, seria nada mais nada menos do que uma “espiada” da escolha que o nosso “eu espiritual” fez e que irá acontecer. Agora, onde entra nisso a Moral que discutimos anteriormente?

  • No nosso dia a dia. Eu nunca disse que o nosso “eu material” não poderia influenciar as escolhas feitas pelo nosso “eu espiritual”. Afinal, os dois são um só… Hahah… 

  • Hahaha… Verdade! Isso então não exclui a possibilidade de nos tornarmos conscientes das escolhas do nosso “eu espiritual”, como inclusive argumentamos anteriormente. - Lembrou Augusta.

  • Sim, não exclui, pelo contrário temos que trabalhar para isso. Aqui, vou fazer um desenho do que quero dizer.

Bruno pegou um bloco de notas, que sempre levava consigo, e começou a fazer alguns traços.

Arquivo pessoal


Após observar o desenho de Bruno, Augusta concluiu:

  • Ou seja, trabalhar para nos integrar no Espaço-Tempo de Deus.

  • O “Dia do Senhor” como está no Apocalipse do Cristo e que o Irmão Paiva nos explica.

  • Entendi. O consciente vê o que está no horizonte. O inconsciente percebe o que está além do horizonte.

  • Isso! Basicamente…

Ambos pararam um instante, refletindo sobre tudo o que haviam discutido. Até que Bruno tomou a palavra.

  • Uma coisa que gostaria de deixar claro dentro do meu exemplo é que nada disso exclui também a questão da condição espiritual em que nos colocamos, na verdade ela será a determinante para a vivência que tivermos e as escolhas que fizermos no “presente” da Terra e no “futuro” do Mundo Espiritual.

  • Isto é, a Moral, que discutimos. Essa Moral, a que você se refere, é aquela que está na definição da Religião Divina, certo? É algo bem maior do que hoje conseguimos vislumbrar. - Disse Augusta com um sorriso no rosto.

  • Sim, me refiro ao que está na definição da Religião do Terceiro Milênio. O Irmão Paiva, inclusive, tem um pensamento que gosto muito: “Jesus é maior do que pensamos”.

  • Realmente! E se pararmos para analisar sobre a vida do Cristo veremos que Ele cumpriu de forma consciente o que estava no planejamento divino. - Afirmou Augusta.

  • Exatamente, por exemplo, quando o Cristo fez a Sua oração no Getsêmani, pediu a Deus que, se possível, afastasse o cálice do sofrimento, que haveria de enfrentar, mas conhecedor dos Mecanismos Divinos, afirmou: “mas, que seja feita a Vossa Vontade". Ou seja, por mais duro que tenham sido nossas escolhas no passado, se seguirmos o planejamento que estabelecemos no Mundo Espiritual e assim enfrentar o que colocamos no nosso caminho com Fé Realizante em Deus, mesmo conscientes do roteiro estabelecido, saberemos lidar com Coragem e Resignação aquilo que não pode ser mudado, porque, inclusive nos ajudará a ser mais fortes e inabaláveis dali para frente no decorrer da linha natural da evolução espiritual.

  • A questão fica em sabermos diferenciar isso, até mesmo para não acabarmos sendo vítimas de males construídos.

  • Por isso, pregamos a vivência do Amor Divino que o Cristo trouxe - respondeu Bruno - pode parecer um paradoxo responder o mal com Amor, mas na verdade isso fará com que aquele ciclo construído para a maldade se encerre. Só será um paradoxo se for conivente, aí já não é mais o Amor e, sim, a própria palavra Conivência. O Irmão Paiva inclusive nos fala que este Amor de Jesus: “Amai-vos como Eu vos amei”, é uma Divina Eficiência, uma estratégia a ser compreendida.

  • Sim, sim - afirmou Augusta pensativa - lembro-me de ter lido isso no livro dele Jesus e a Cidadania do Espírito, inclusive o ínicio ficou na minha memória: “O Amor de que Jesus nos fala tem um sentimento espiritual evoluído, muito além da perspectiva humana”.

Ambos viram quanto tempo já havia passado. Pagaram a conta e saíram.

Aqui, minhas amigas e meus amigos, encerra a conversa de hoje de duas almas instigadas pelo conhecimento das Leis Divinas, mas isso não significa que o debate encerrou. Seja, você também, uma alma curiosa e iluminada pelo Amor Divino.

  • Uma outra coisa que gostaria de discutir é sobre a teoria do Gato de Schrödinger. Sobre a questão que ele traz das duas possibilidades do gato quando abrimos a tampa da caixa. Se ele estará vivo ou morto. - Lembrou Augusta quando estavam do lado de fora.

  • Isso podemos deixar para uma próxima… - Respondeu Bruno, pegando as chaves do seu carro.

  • Não vai esquecer, marca na sua agenda de nos encontrarmos no próximo domingo - Falou Augusta com a voz firme para que não esquecerem do assunto.

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